O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 37

Fico imaginando o homem que tem duas pernas, uma fica no ano 2019 e a outra, mais além, esticada ao extremo, quem sabe num infinito de sua vida. E no entremeio, passa por baixo o rio da transformação: – o novo homem.

Eu falo nos abalos que tem sofrido o cérebro do homem na pandemia. As correntezas de medos e dúvidas. As crianças de até dez anos estão no concurso de desenho, tingindo a tela para o protótipo do vírus, que não se vê, mas que se pode imaginar um monstro real em guerra contra a Terra.

Teremos que construir armas para nossas defesas. As crianças irão construir essas armas de destruição em massa, porque a guerra já foi anunciada. Morrem nas trincheiras os soldados, enterrados ali mesmo, empacotamos urnas herméticas, sem velório, o corpo que desce sem choro, até mesmo a alma é sepultada viva no corpo morto.

O corona vai adquirindo todas as formas bizarras, cresce, pula de prédio em prédio, de casa em casa e torna-se o exterminador do presente. Com que armas nos defenderemos? Qual o Deus que nos há de amparar? As fortificações foram construídas, mas não resistem aos ataques do “corona”.

Ele que é invisível, minúsculo, sem forma definida, podendo ter muitas fisionomias, mas as crianças saberão pintá-lo como um demônio transgênico, que penetra em nosso organismo, como um veneno destruidor.

E por castigo, tem preferência pelos idosos e fragilizados, entendendo que as crianças devem ser protegidas, porque felizes são as criancinhas, pela inocência e sabedoria. A arma deve ser construída com outra arma, com a contra-arma de vírus atenuado ou morto.

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