Ódio geracional

Ódio geracional

É bem difícil se meter a escrever o que não se domina e não se sabe o que está escondido em muitos conflitos. Até mesmo nas relações pessoais mais simples, tem pessoas que você se afina tão bem, que lhe abre a cabeça, que sente prazer em ouvir, em ficar perto, em visitar.

Onde tudo vai rolando espontaneamente, alegrias, sorrisos abertos, abraços, bem-querer. Por outro lado, há muita gente, sem motivo nenhum, chega a falar, ou não, mas pensa por dentro a seguinte frase: – não vou com a cara desta pessoa.

E com este “não vou com a cara do outro” termina acontecendo tanta agonia por dentro, coisa ruim por dentro, que lá, bem na frente, quando se tem um momento desses que caem das estrelas, você percebe que não era bem aquilo que imaginava e, como uma conflagração intuitiva, termina por haver a aproximação e surgindo amizades maravilhosas.

É como no meu tempo de menino, minha mãe falava que fulana de tal tinha olho ruim. Quando dizia, este menino é bonito, mais tarde, vinha a febre, a tosse, a prostração. A mãe dizia – não falei? Ainda se vê nas cidades do interior a mãe levar o menino para ser benzido ou rezado contra o quebranto. E elas saem de lá convencidas que a doença veio do olho ruim, ou olho gordo. E a gente cresce com esses conceitos na cabeça, e sai por aí fugindo dos olhos gordos.

Deixando essa história de lado, se fizer uma pesquisa com o povo, com certeza, mais da metade acredita mesmo no invejoso, naquela pessoa que puxa você pra baixo, que não quer o seu sucesso, que gosta de falar mal dos outros, que sai fofocando por aí. Isso tem sim.

E como tem fofoca hoje dia nas chamadas redes sociais! Nas redes, a maioria esmagadora aparece ali, bem vestida, barriga tanquinho, maquiagem nos trinques, mostrando as partes nobres do corpo com saliência. Isso nem precisaria de comentário, mas enche a pessoa de alegria, e quando recebe um elogio, vários elogios, essa pessoa entra num estágio de supremacia de alma, parecendo que está entrando no reino dos céus.

Agora, tem gente que não se exibe, fala a verdade e se mostra como é. Fala com o pensamento dos outros, das dificuldades, e são tão bem acompanhadas nas redes, que termina, até mesmo, criando uma profissão de influenciadora ou influenciador.

É como o tal do feitiço, como diziam lá na minha terra. Quem acredita em feitiço, termina pegando o feitiço. O melhor mesmo, gente, é ser o que a gente é, feio ou bonito, rico ou pobre, preto ou branco, bem assumido, tocando sua vida, trabalhando duro e segurando a barra. Porque a vida não está fácil para ninguém. E fofoca é até bom de se pôr defeito nos outros, mas termina que os outros põem defeito em você também. Nada do que você diz dos outros é verdadeiro. Talvez você queira é curar a si próprio.

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