Os “grilos” de Cujubim

Os “grilos” de Cujubim

A palavra “grilo” aqui é o modo costumeiro de dizer áreas ocupadas por pequenos produtores, que ainda não têm documentos. O tempo vai passando e nada se resolve. Porque estão fincadas em Unidades de Conservação (UC), até mesmo, áreas privadas, ainda não solucionadas. E lá ficam, sempre esperando por uma solução que não vem nunca. Os filhos nascem por ali, crescem, vadiam, casam-se e o documento do lote nada de chegar.

Logo cedo, cheguei ao escritório de Ariquemes e lá já estavam o Prefeito Pedrinho (Pedro Fernandes), os vereadores Gilvan Barata e Kenas esperando para conversarmos sobre o município e seus desafios. E que não sou poucos. E conversa puxa conversa, foi e foi campeando a situação do abacaxi mais doce do Brasil, um mel natural, lá do assentamento Américo Ventura. E o avanço das plantações de soja e milho, que galopam nas áreas degradadas de pastagens, quase beirando a cidade.

Há muita gente nesta situação, como grileiros, plantando café, cacau e criando gado. Sem nenhuma ajuda, nem crédito, nem nada, justo pela falta de documento. Impõe-se uma decisão política, de transformar todas estas ocupações, num modelo extraordinário, em que o Estado ou município possam fazer provocações, até mesmo criando caso, modelos  híbridos de consórcios, com plantios de cafezais, cacauais, a abacaxizais,  açaizais, plantios de árvores de cultivo comercial, bem arranjados, combinados com os ocupantes, para que possam viver ali, criarem seus animais, plantarem suas roças, dentro de um modelo inteligente – que se encaixe no conceito de UCM (Unidade de Conservação Modificada), com o homem vivendo ali, trabalhando, recebendo o título, o crédito e saindo da condição de grileiro.

O município não pode ter medo e nem abrir mão do seu poder local. Da sua autonomia federativa. Do seu poder de decidir sobre seus dramas e conflitos. Buscar informações, pedir a cessão das UC para o município. Esperar. Se negada pelo Estado, acionar a justiça. E do município nascer a boa briga. E consequente solução.

Tudo criado por lei. Estadual e ou municipal. Que se vá falando na Câmara de Vereadores, como está não pode ficar, mais cedo ou mais tarde, isto terá que ser resolvido, sem necessidade de retirada do pessoal na ponta da baioneta. Tornando assim, um município referência, de um modelo ambiental e em consórcio, que tenha um formato previsto no Código Florestal ou não, mas, que seja indutor de paz, progresso e riqueza para todos.

O município deve ser o provocador. Um insurgente. Porque estes “assentamentos” espontâneos, apelidados de “grilo” possam ter fim e Cujubim, assim, como tem a exemplar Manoa, possa ter também exemplares modelos de pequenos produtores, que possam ser mais que produtores, protetores de modelos ambientais geradores de renda, por serviços ambientais, autogestionados.

Deixar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.